EM 2005, QUANDO NEM EXISTIA REDE DE BLOGS AVAIANOS...
...Zunino já era o "Zunino" dos tempos atuais. Ainda assim tem gente que acha que tudo de ruim merece ser esquecida pelo que ele já fez de bom ao clube.
Segue abaixo texto extraído do Blog Memória Avaiana do historiador Felipe Matos.
MORTE E RESSUREIÇÃO ZUNINIANA: !MUDA AVAÍ, oposição e parcerias
Um dos momentos de oposição
organizada contra a atual gestão do presidente avaiano João Nílson Zunino
surgiu em 2005, após uma campanha sem brilho no Campeonato Catarinense e
participação ruim na Série B, que naquele ano teria o time se despedindo da
competição numa derrota por 5 a 1 contra o Santa Cruz, em Recife.
O clube
respirava o clima das eleições e situacionistas e opositores se
movimentavam. Doze conselheiros avaianos que reclamavam da "falta de
transparência"
da administração Zunino procurou a Justiça para exigir explicações da
direção
sobre transações internacionais de jogadores. A oposição reclamava
também da
dívida do clube, então estimada em R$ 15 milhões.
O grupo oposicionista
se denominava “Muda Avaí” e realizou uma entrevista coletiva na sala de
imprensa da Assembléia Legislativa de Santa Catarina, onde apresentou vários
questionamentos à gestão do clube.
As
principais dúvidas eram referentes a negociações envolvendo jogadores revelados
pelo Leão. Uma delas envolvia o meia-atacante Fantick, que foi para o América,
do México. O grupo pedia esclarecimentos em relação ao valor da transferência,
pois três valores diferentes teriam sido apresentados: US$ 350 mil, US$ 500 mil
e US$ 800 mil.
O grupo
também solicitava a prestação de contas da venda de 20 atletas do Avaí para o
exterior, nos últimos anos.
Zunino se disse
magoado com a desconfiança dos conselheiros e reagiu asperamente ao pedido de
"esclarecimentos", dizendo que se pronunciaria por meio do
departamento jurídico do clube.
Antes de ser citado pela Justiça, o departamento
jurídico do Leão resolveu mostrar os documentos. E no dia 17
de Outubro de 2005 a direção do Avaí apresentou os documentos relativos à
contabilidade do clube, que foram pedidos judicialmente pelos
12 conselheiros.
Estiveram
presentes na defesa das contas da direção o diretor jurídico, Lídio Moisés da
Cruz; os advogados Sandro Barreto e Nilson Quadros; dois auditores externos que
participaram da auditoria nas contas do clube encomendada pela atual
administração; e o presidente do Conselho Fiscal, Flávio Cruz.
Os
profissionais esmiuçaram a dívida do clube, na época calculada em R$ 12 milhões
e que poderia chegar a R$ 15 milhões até o final daquele ano de 2005. Do total,
R$ 10 milhões seriam dívidas a longo prazo.
Para o
presidente Zunino, a exigência dos documentos fez parte de uma disputa com fins
apenas políticos. Disse ainda que dois fundos de investidores teriam o
interesse de investir no Avaí, estimulados por um relatório feito pela Fundação
Getúlio Vargas, que recomendou o investimento no clube.
Com a
declaração de Zunino de que sua gestão iria angariar R$ 4 milhões até o fim de
2005 para investir na temporada 2006, a chapa de oposição à presidência resolveu
não lançar qualquer candidato ao executivo do clube.
Além disto,
a candidatura oposicionista não foi patrocinada como se esperava a princípio. A
quantia anunciada por Zunino foi considerada pelos oposicionistas vultuosa e o clube teria, então, condições de montar um
time para vencer o Catarinense e a Série B do Brasileiro em 2006
Em Novembro
de 2005, a presença de um termo de confidencialidade, presente em uma das
cláusulas do pré-contrato da parceria que seria firmada entre o Avaí e uma
empresa, representada por um grupo de investidores, foi a justificativa dada
pelos dirigentes avaianos à ausência de detalhes da misteriosa negociação que
se arrastava desde Outubro.
O termo foi revelado pelo assessor jurídico do clube, Lídio Moisés da Cruz, adiantando que até a primeira semana de dezembro de 2005, período marcado pela reapresentação dos jogadores aos trabalhos visando à temporada de 2006, os dirigentes e os supostos patrocinadores do clube iriam se manifestar à imprensa dando todos os detalhes do conteúdo do contrato definitivo que seria assinado.
Segundo
informações dadas pelo presidente João Nilson Zunino e publicadas no jornal A Notícia,
a parceria representaria um investimento de R$ 20 milhões anuais no clube,
valor que seria aplicado na contratação de jogadores e profissionais para a
formação de uma comissão técnica qualificada, além de investimentos em
infra-estrutura no estádio e em suas imediações.
Em campo, a
meta inicial seria conquistar o Campeonato Catarinense de 2006 e ainda fazer
com que o clube ascendesse para o Campeonato Brasileiro da Série A de 2007. Em
infra-estrutura, já existia um projeto arquitetônico que previa a cobertura do
Estádio da Ressacada, construção de um centro de treinamentos com campos
suplementares, além de ginásio, piscinas e modernas instalações para acomodar
jogadores.
Em fevereiro
de 2006, no entanto, o “Muda Avaí” voltou a se pronunciar, reclamando que a parceria
do clube anunciada no período eleitoral pelo presidente reeleito ainda não
havia se concretizado.
"Tínhamos
80% dos votos e o anúncio da parceria provocou uma reviravolta nas eleições",
disse o advogado do grupo, Róbson Vieira.
A idéia do "Muda Avaí"
era de recorrer, inclusive, à convocação da Assembléia Geral dos associados
para, caso não se concretizasse a parceria que em princípio seria anunciada em
janeiro de 2006 e que teve o prazo adiado para março, tentar o impeachment do
presidente.
A parceria, por fim, não saiu. Numa
coluna de Roberto Alves, no Diário Catarinense, Zunino teria declarado que
colocava seu cargo à disposição caso aparecesse alguém disposto a tocar o
barco.
O ex-presidente Flávio Félix enviou
uma mensagem ao colunista sugerindo que Zunino poderia descansar em paz, pois o
próprio vice-presidente do clube, Eduardo Gomes, tinha um perfil excepcional
para assumir o cargo. Caso o vice não pudesse assumir e Zunino não conseguisse
alguém entre seus pares com o perfil que julgava ideal, os componentes da
ex-chapa "Muda Avaí" se colocavam à disposição.
Segundo Roberto Alves, a carta de Flávio Félix vinha escorada por assinaturas de nomes como Décio Girardi, Lourival Amorim, Valmir Martins, Alberto Calgaro, Daniel Araújo, Renato Geske, Vilmar Reinert, Marcos Costa, entre outros.
Quando novamente questionado pela
torcida sobre a tal parceria, Zunino e Jamir de Abreu, então vice-presidente do
Conselho Deliberativo, se pronunciaram em 10 de Junho de 2006, em carta ao site
Souavaiano, dizendo que, após levantamento pormenorizado do passivo tributário
do clube, a negociação com a parceria foi interrompida e que ela poderia ser
retomada por ocasião da aprovação do Projeto Timemania, então em andamento no
Congresso Nacional.
Em Fevereiro de 2007, o
comentarista Carlos Eduardo Lino, então na Rádio CBN Diário, informou que
Zunino havia entregue seu cargo ao Conselho Deliberativo do clube, que não teria
aceito sua demissão.
No mesmo dia Zunino reagiu
irritado com a notícia alegando que ela se trataria de um “balão de ensaio” da
oposição, que queria vê-lo fora do Avaí.
Com os seguidos insucessos em campo, o clima de insatisfação com a
administração Zunino havia novamente aumentado. Ainda durante o Estadual, um
diretor do Fluminense indicou ao Avaí o trabalho da LA Sports, chefiada por
Luiz Alberto de Oliveira.
Após cinco anos no Paraná,
o empresário buscava um novo clube para trabalhar em cooperação. O presidente
do Clube dos 13, Fábio Koff (posteriormente agraciado por Zunino com a 1ª Medalha Saul Oliveira), foi informado de que a Traffic buscava um clube
brasileiro e uma empresa para fazer um trabalho em conjunto.
Quando Koff revelou que a LA
Sports estava se unindo ao Avaí, a Traffic decidiu participar desta cooperação através
de um de seus braços, o Desportivo Brasil.
Em Maio de 2007 a parceria com a LA
Sports se tornou realidade com um time formado para evitar o
rebaixamento para a Série C. No ano seguinte conseguiu uma boa
apresentação no catarinense de 2008 e a ascensão a
Série A em 2009.
E,
assim, a oposição perdeu forças e Zunino ressurgiu das cinzas. Com a LA
Sports, conquistou os estaduais de 2009 e 2010, fez boas campanhas na
Copa Sulamericana e na Copa do Brasil e alcançou a melhor campanha na
Era dos pontos corridos de uma equipe catarinense no Campeonato
Brasileiro (2009).
Em 2011, após idas e vindas com a
parceria, foi rebaixado para a segunda divisão. Em 2012, o título
estadual sobre o Figueirense foi o primeiro título da Era Zunino sem a
participação da LA Sports.
Desde 2010, no entanto, enfrenta
novamente críticas à sua gestão. Entre as mais habituais estão o
distanciamento da torcida, a politica de elitização da Ressacada e a
falta de transparência administrativa.
Segundo a imprensa, alguns de seus apoiadores se afastaram da administração do clube, como Luiz Alberto de Oliveira, Eduardo Gomes e Tullo Cavallazzi.
Em 2012 uma nova parceria milionária foi
anunciada, segundo a imprensa, com um grupo português. No entanto,
novamente as "cláusulas de confidencialidade" impedem uma divulgação de
maiores informações.
Mas, como diria Rudyard Kipling, isto é outra história... Ou, não.
(Fontes: Jornais A Notícia e
Diário Catarinense, via Souavaiano. Fotos: Site Avaí Futebol Clube; FuteboSC; ClicRBS. )
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